Em busca do Amor
- Cru Ceará
- 22 de jun. de 2018
- 2 min de leitura

Por Marcelino Silva
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure".
Soneto de fidelidade, Vinícius de Moraes.
Sabe aquele tipo de texto que você lê desde pequeno e que já conhece de cor e salteado? Pois é, esse poema do Vinícius de Moraes era um deles. Eu me lembro de ter um livro de poesia e ficar relendo essa repetidamente, porque algo sempre me fascinava. O tipo de amor que arrebata alguém de maneira tal que o amante não deseje nada mais do que o ser amado, uau!!! Alguém disposto a compartilhar todos os momentos vividos, sejam eles de alegria, de tristeza, de dor ou de amor. Sério, as duas primeiras estrofes sempre despertavam o desejo de viver esse tipo de amor.
Até que chega a terceira estrofe e algumas afirmações bem duras são feitas, mas a que mais me choca é que a solidão é o fim de quem ama. Como assim? Esse tipo de resposta era inconcebível pra mim. Como alguém que viveu um amor tão profundo como aquele poderia acabar sozinho? E a situação piora na última parte, porque se diz com todas as palavras que este amor não é imortal e que tem um fim. Poxa vida, não aceito que seja só isso, que acabe assim.
Então, aquela luz se acendeu em minha mente. O tipo de amor descrito neste poema não é o que experienciamos nas nossas relações humanas e corriqueiras, porque este grau de profundidade, plenitude e completude não poderiam ser alcançados por seres limitados que somos. O tipo de amor que o meu coração ansiava não podia ser achado em minha cara metade, mas sim naquele que é o próprio amor, Deus.
N’Ele que antecede todo o tempo e que a história não consegue limitar, podemos viver um amor que só tem início e se expande até a eternidade, diferente daquele enredo monótono de começo, meio e fim com o qual estamos acostumados. A eternidade e infinitude de Deus sempre me fascinaram, pois sei que a segurança desse amor não depende dos meus atos ou (des)merecimentos.
Deus declama a nós todos os dias o soneto de fidelidade mais sublime de todos e que nos convida cada dia a mergulhar mais fundo nesse amor.
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