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O Natal é exclusivo para ser plural



Em Gálatas 3:28 diz: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”. Na carta aos seus irmãos da Galácia, Paulo adverte e assegura que em Jesus somos todos da família do Messias¹. Ao mesmo tempo que não há distinção entre os membros, há apenas uma única família da salvação, apenas um bebê a ser adorado e um Natal a ser celebrado.


Mas o que isso quer dizer, afinal?


Uma música bem “crente”, e romântica, chamada All I Want For Christmas is You (Tudo o que eu quero no Natal é você) é perfeita para declararmos a adoração natalina sem desvios idólatras a outros deuses, a símbolos e a crenças mitológicas. Claro, o amor dado a alguém que a música insinua seria o substituto de alguma adoração, mas o que vale mesmo é a mensagem: 


Eu não vou fazer uma lista de presentes e enviar

Para São Nicolau do Polo Norte

(Eu) nem vou ficar acordada para

Ouvir os sininhos das renas mágicas


Isso que importa, afinal. Acabar com as tradições capitalistas, e se importar com o amor, que podemos dizer que é Deus (1 João 4:8). Tudo certo? Isso é ter um Natal exclusivo?


ERRADO!


Mariah Carey, a compositora dessa música, está nada mais nada menos que dilatando seu amor. Assim nós fazemos quando não conhecemos a verdade, ou temos medo de viver em liberdade, reprimindo um lado e idolatrando outro. Não necessitamos abolir a árvore de Natal para tornar Jesus o centro. Não é eliminando algum mal que o bom vai se fazer melhor. O bom já se faz correto e vence o mal de maneira declarada (Lucas 2:34 / João 1:5).


O Natal é exclusivo para depois ser plural. Era isso que faltava aos Gálatas entenderem mediante ao sofrimento e à perseguição que sofriam (e que nós sofremos hoje também). Se os romanos concediam aos judeus como religião adorarem a Deus orando pelo Imperador e aos pagãos adorarem seus deuses…como ficariam os seguidores de Cristo? Como nós ficamos diante da ilusão natalina do mercado e da interpretação também ilusória que alude a necessidade de fugir da sociedade para olhar para Cristo?


Leiamos Lucas 1 e 2. Vejamos como a linha narrativa desses capítulos da Palavra de Deus começam e terminam de algo familiar - como uma ceia de Natal - para algo público com pessoas desconhecidas se juntando para celebrarem a família, incluindo a sociedade na conversa. 


Lucas escrevendo a Teófilo é o que rege a motivação de todo o Evangelho para a verdade, mas o que precisamente acontece na família de Jesus envolvendo Zacarias e Isabel é íntimo a ponto de fazer o sacerdote ficar mudo com o anjo. O Espírito Santo que sacode as barrigas de duas grávidas, Isabel e Maria, a nomeação de João e a cantoria de adoração de Zacarias (Benedictus) e Maria (Magnificat) tornam tudo isso em adoração. Ao redor de uma família e no encontro de duas primas durante três meses, o destino da humanidade estava sendo cumprindo nas seguintes promessas: um enviado profeta e outro que seria o salvador.


Em Lucas 2 as coisas se tornam mais públicas, envolvendo viagens, censo, questões sociais de hospedaria, e não mais 1 anjo para revelação a uma pessoa, mas anjos cantando em pastos para anunciar com uma canção bem alta a pastores desconhecidos que ali perto estava o salvador em uma manjedoura. Isso sem contar os magos, estrangeiros religiosos, que vieram saudar o salvador - nada mais público que isso (Mateus 2: 10-11).


E se não bastasse essa transição da revelação até o nascimento ser essa transição íntima para algo mais público, vejamos o que Simeão diz em Lucas 2:31-32:


³¹ a qual preparaste diante de todos os povos:

³² luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.


É a mesma mensagem de Paulo aos Gálatas e a nós: a família de Jesus pode ser e é maior, e ele anseia que seja maior para seus predestinados salvos, os escolhidos que aceitaram a sua graça e que também nos deu a responsabilidade de pregá-la. A nossa ceia de Natal em família tem sido cada vez mais exclusiva e separatista dentro dos próprios seios cristãos comunitários; ou nos dedicamos demais aos pobres e esquecemos de pregar que a pobreza trágica - não necessariamente de um pobre específico - é consequência do mundo que jaz no maligno - que o pecado deprava os corações dos seres humanos. Mas Jesus quer que sejamos mais livres e mais graciosos.


Querer apenas Jesus como um amor exclusivo (à lá Mariah Carey) só pode funcionar com a verdade que ele pregou e prega para nós no coração quando esse amor transborda pluralidade. Se os estudantes universitários, após desfrutarem da segurança e da confiança de se desenvolverem espiritualmente no começo de um semestre, lembrarem com compaixão que o Natal pode ser mais cheio e mais farto de almas salvas, as reuniões quebra-gelo (QGs) podem ser mais natalinas todo ano.


Não são palavras bonitas, são desafios! (Ó insensatos Gálatas², ó insensatos NÓS). O descanso que o feriado do Natal promete é você ir ao shopping comprar presentes; tirar foto com o Papai Noel; ter uma árvore bonita; ser romântico; ter um devocional do Advento em dia; mandar mensagem intencional para seus pais; se possível, dar comida para quem necessita e se conheça; ir à igreja… Nós podemos querer o Natal que o eu lírico da música inicial nega, e devemos vigiar qual Natal queremos. O que não podemos é deixar Jesus no templo (Lucas 2:46), sem ouvi-lo, procurá-lo e divulgá-lo; e deixá-lo no tempo, tornando-o um amor de feriado ou uma tradição engessada que ignora a cultura do presente no presente.


Você pode continuar cantando Mariah Carey à vontade, mas indico outra música para complementar sua playlist e para você poder compartilhar com outras pessoas que ainda não conhecem a família do Messias: Por Ser Natal (veja o refrão e curte após o texto)!


Deus presente aqui

É Cristo vivo em nós

Por ser Natal no coração

A vida faz sentido outra vez



__________________________________

¹ “Família do Messias” é usado no comentário bíblico de N.T. Wright sobre Gálatas.

² Gálatas 3:1.


Por: Davi Fonteles


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