Série: Quem pergunta quer saber - Na friendzone para o resto da vida.
- Cru Ceará
- 17 de ago. de 2018
- 4 min de leitura

Por Carolina Marques
E se a temida friendzone ganhasse outro sentido? O namoro é uma oportunidade preciosa para estreitar um laço de amizade que tem o potencial de se tornar um compromisso matrimonial. Marido e mulher, amigos por toda a vida. Mas, ao namorar, nem sempre a amizade é priorizada, pulamos etapas, nos precipitamos e sofremos as consequências de más escolhas.
Eu me lembro bem a primeira vez em que vi o Léo. Estávamos participando de um evento de oração do Alfa e Ômega em nossa universidade. Naquela época ele era só o “Léo que estudava à noite”. Não fazia ideia de que três anos depois estaríamos começando a namorar.
Nesse intervalo de três anos, pude ver Deus trabalhando em minha vida sentimental de forma muito intensa. Fui ministrada através da Bíblia, de livros cristãos e de amizades queridas que me trouxeram uma nova perspectiva nessa área. Aprendi a lidar melhor com a minha ansiedade por encontrar “o escolhido” (rsrs). Ao invés disso, minhas energias estavam empregadas em aproveitar o momento que Deus estava me dando: desfrutando da companhia dos meus amigos, investindo no meu tempo devocional e trabalhando no Reino.
E foi nesse contexto em que comecei a namorar com o Léo. Mesmo antes de conversarmos a respeito, eu já era simpática aos princípios da corte e Léo tinha uma visão bem parecida com a minha. Nós não fizemos a corte, mas nos inspiramos nela para traçarmos o caminho que queríamos seguir para o nosso relacionamento. Sabíamos que não era a escolha mais popular. E também tínhamos consciência de que não éramos “mais espirituais” que outros amigos que não compartilhavam da mesma visão, mas tivemos paz e até hoje nos alegramos de ter feito essa escolha para o nosso tempo de namoro e noivado.
Para saber mais sobre o que a “corte” se trata, recomendo a leitura de livros que vão abordar esse tema de maneira mais profunda. Os que eu li na época foram: “Eu disse adeus ao namoro”, do Joshua Harris, “Romance à maneira de Deus” e “Sua perfeita fidelidade” de Eric & Leslie Ludy.
Aqui vai uma breve pincelada sobre o tema. A ideia por trás da corte é você guardar o seu coração para a pessoa com quem vai se casar. Uma das armadilhas em que podemos cair ao namorar, é a de ir muito fundo em seus sentimentos por alguém precipitadamente e então ficar muito ferido ao término da relação. Você pode se sentir usado, por ter investido tanto em alguém, ou culpado por ter gerado expectativas que não foi capaz de suprir.
A corte propõe, acima de tudo, um relacionamento de amizade, em que o seu foco esteja em verdadeiramente conhecer a outra pessoa. Por isso, há limites no contato físico. Por exemplo, há casais que decidem dar o seu primeiro beijo após o casamento. Abraços demorados, massagens, ficar a sós em locais isolados: esses são outros exemplos de limites. Isso vai depender do que o homem e a mulher entendem que é necessário para que eles não percam o foco na amizade e acabem se envolvendo fisicamente e emocionalmente de modo mais íntimo, antes do tempo adequado para isso.
É necessário honestidade sobre aquilo que você reconhece ser o seu limite. Na minha história com o Léo, essa honestidade foi um ponto alto, que contribuiu muito para crescermos na nossa confiança um no outro. Nós também fomos muito cautelosos ao comunicar como era o nosso namoro. Só explicávamos melhor para as pessoas mais próximas que caminhavam com a gente. Isso nos resguardou de comentários desnecessários.
Deus conhecia o nosso coração ao seguir por esse caminho e Ele é quem mais importava para nós. Acredito muito nessa perspectiva e recomendo que outros jovens, ao namorar, façam o mesmo. Mas acredito que deve ser uma decisão do casal com Deus e não algo imposto por um líder, ou comunidade em que a pessoa está inserida. Se você entende que é desse jeito que Deus quer que você namore, faça isso na liberdade que você tem em Cristo, não por pressões externas.
E, na minha humilde opinião, o namoro não precisa ser literalmente a corte, como é descrita nos livros que falam sobre o assunto (continuo recomendando a leitura, pois há histórias inspiradoras neles). Deus tem uma história para cada um. O que não podemos negociar, como cristãos, são os princípios que Deus tem para nós em sua Palavra (algumas referências úteis: Hb 13:4, 1 Ts 4:3-8, Gn 2:24). Baseado nisso, e tendo consciência dos seus próprios limites, você pode dar os passos necessários para que o seu namoro glorifique a Deus.
Claro, há um custo para mantermos o nosso viver sobre o parâmetro da santidade de Deus. Léo e eu, por exemplo, entendemos que para levarmos à sério o que Deus queria de nós, iríamos nos beijar apenas depois do casamento. Não porque achamos que isso seja errado por si só, mas porque entendemos que esse era um limite necessário para nós.
Na sua história com Deus, você deve ter um coração disposto a entender o que vai custar para você, em seu namoro, viver a vontade de Deus. Nem sempre será uma escolha fácil. Mas certamente, vai contribuir para o futuro do seu relacionamento. Para que a amizade entre vocês se aprofunde e os torne cada vez mais parecidos com Deus.
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