Série: Quem pergunta quer saber - "Pecadores perdoados perdoam pecadores".

Por Larissa Sales,

Pergunta: Você acha que uma mulher cristã deve contar ao parceiro todas as experiências que ela já teve em relacionamentos? Ou cabe uma certa ponderação e dizer apenas o que for indispensável?

Quando recebi essa delicada pergunta, inúmeros versículos vieram a minha mente. Mas antes que eu apenas despeje citações, gostaria de me solidarizar com a pessoa que fez essa pergunta e com aqueles que se identificaram com a questão, pois imagino que tenham algum tipo de pesar por pecados e fardos de relacionamentos anteriores.

Pela graça de Deus, estou noiva do único moço com quem me relacionei e espero, em poucos meses, tornar-me uma só com ele. Louvo a Deus por não ter tido outros envolvimentos emocionais ou físicos anteriores, pois isso livrou nosso namoro de muitas bagagens. Mas apesar de não ter passado exatamente pela experiência questionada acima, sou solidária à dúvida levantada por três motivos. O primeiro é por já ter conversado com outras moças que vieram feridas de relacionamentos anteriores. O segundo motivo é porque eu também sou a mais miserável das pecadoras e apesar de não ter trazido marcas de outros relacionamentos, tive que compartilhar com o Filipe inúmeras dores e fardos relacionados a outras áreas (familiares, em sua maioria). O terceiro é o fato de não ter sido a primeira namorada do Filipe, o que me trouxe uma série de perguntas, dúvidas e muita curiosidade sobre o passado dele. Então, vamos lá!

Todos nós vivemos uma vida separada de Deus até sermos resgatadas pelo Bom Pastor. Por pura Graça e Amor, Ele nos resgata e nos faz Suas filhas amadas. É o que a palavra dEle nos afirma fortemente:

“Eu a amei com amor eterno; com amor leal a atrai. Eu a edificarei mais uma vez, ó virgem, Israel! Você será reconstruída! Mais uma vez você se enfeitará com guizos e sairá dançando com os que se alegram.” (Jeremias 31:4)

Independente do nosso passado, seja de promiscuidade sexual, de ira, amargura ou qualquer outra situação, Ele nos reconstrói e nos traz alegria. A doce alegria de sermos amadas com Amor Eterno. Ele lança nossos pecados no mar do esquecimento e nos imputa a Justiça de Cristo. Isso é maravilhoso! Não só temos os nossos pecados perdoados, como recebemos o mérito de Jesus. Por causa do sacrifício do Filho, o Pai olha para nós e não vê mais o nosso pecado, mas sim toda a pureza do Cordeiro. Por isso, não somos mais pecadoras separadas de Deus, mas sim regeneradas.

Você entende o que essa palavra significa? RE-GENERADA. Você foi gerada novamente. Você tem uma nova vida. É um novo ser. Isso traz implicações para o seu relacionamento com Deus, para o modo como você vê a si mesma e também para o seu relacionamento com outras pessoas. Como uma nova pessoa, comprada pelo sangue de Cristo, você deve viver para a Glória de Deus, imitando o exemplo do seu Salvador. Dessa forma, você deve se ver como alguém que está sendo moldada, a cada dia, a imagem de Jesus. Um passo de cada vez e um pouco mais parecida com Ele a cada experiência. E se Deus a perdoou e te deu uma nova chance, por que um outro pecador regenerado não deveria também perdoá-la e vê-la novamente construída e adornada? Este é o ponto central ao qual desejo chegar: “Pecadores perdoados perdoam pecadores” (Dave Harvey, Quando pecadores dizem sim). Se você está se relacionando com alguém e crê que essa pessoa é de fato um cristão sincero, ele vai perdoá-la e amá-la a despeito do que você fez (Se o seu namorado não é cristão ou se você tem dúvidas quanto a isso, volte duas casas. Volte três. Resolve isso, em nome de Jesus!).

Sendo bem direta (até que enfim) ao que foi perguntado, eu creio sinceramente que sim, devemos contar ao nosso parceiro nossas experiências anteriores, afinal “nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido” (Lucas 12:2). No entanto, cabem algumas observações sobre como compartilhar esse passado:

1. Certifique-se de que seu coração está arrependido de toda e qualquer injustiça. Se você perceber que não está arrependida, ore para que o Espírito Santo a quebrante e para que você de fato se entristeça por esse pecado cometido e se aproprie do perdão de Cristo. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9)

2. Certifique-se de que o seu parceiro de fato é um verdadeiro cristão, pois, como já falei anteriormente, se ele recebeu a Graça de Cristo na vida dele, saberá louvar pela Graça que superabundou na sua vida também. E como saber se ele de fato é um cristão? Observe os frutos! “Porque pelo fruto se conhece a árvore.” (Mateus 12:33) E quais são os frutos de alguém regenerado pelo Espírito? O fruto do Espírito! “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gálatas 5:22)

3. Esquadrinhe seu coração e defina qual o propósito de compartilhar experiências. Você deseja estabelecer confiança e sinceridade no relacionamento? Deseja compartilhar dificuldades e lutas pessoais? Deseja traçar estratégias para evitar tentações ou desejos maus? Se esses são os seus objetivos, compartilhe sim! Isso com certeza edificará o seu relacionamento e trará glória a Deus, pois agora vocês lutarão juntos pela santidade.

4. Sonde se o seu companheiro deseja saber o que você tem a contar e se ele está pronto para ouvir. Isso é algo que realmente depende do quanto vocês já cresceram em amizade dentro do relacionamento. Quanto mais amigos, mais haverá ambiente para crescimento, aproximação, perdão e intercessão.

Será que ajudei em algo? Deixe-me finalizar esse longo texto com minha experiência pessoal.

Como deixei subentendido lá no comecinho, o Filipe foi (e é) meu primeiro namorado. Posso me alegrar por ter compartilhado unicamente com ele não só a intimidade dos abraços e beijos, mas principalmente das minhas dificuldades e provações. O que me fez falar abertamente com ele sobre meus temores e pecados foi enxergar nele um verdadeiro irmão em Cristo e a fé em Deus de que ele seria meu amigo espiritual por toda a vida. Logo que abri meu coração para ele, quis também que ele fosse vulnerável a mim e (talvez até por ciúme, confesso) fiz várias perguntas sobre seus namoros anteriores. Quantos, com quem, em que circunstâncias e o que houve de bom e de ruim. Eu queria saber o que ele tinha passado, que lutas tinha enfrentado e também que intimidades tinha desfrutado (quase morro de vergonha no dia em que perguntei se ele tinha se guardado. Rsrsrs Graças a Deus, ele disse que sim!!! Mas se tivesse dito não, eu teria que perdoá-lo.). No entanto, isso aconteceu naturalmente, porque nós temos cultivado incessantemente o hábito de conversarmos e sermos vulneráveis um ao outro.

Portanto, concluo essa resposta incentivando que você e seu companheiro cultivem o diálogo, a oração, a comunhão na igreja, a leitura bíblica e de outros bons livros. Tudo isso fará com que seu relacionamento seja uma das formas de vocês amadurecerem enquanto cristãos e Deus lhes dará a graça necessária para continuarem se amando e amando-O sobre todas as coisas.