A Produção Cultural Revela o Criador: Loki e uma vida sem propósito

"Foi Deus que nos preparou para esse propósito, dando-nos o Espírito como garantia do que está por vir." (2Co 5.5)

Qual é o seu glorioso propósito? A série Loki faz essa pergunta ao seu personagem principal e arrebata seus espectadores em direção ao mesmo questionamento: para quê vivemos?

A série em questão traz a história de um personagem com cara de vilão, que deseja seus objetivos grandiosos e foge da sua responsabilidade com qualquer tipo de autoridade superior. Pois bem, apesar dessa simplificação, o personagem não é tão simples e a série não é tão fácil de ser absorvida.

Em um dado momento da aventura de Loki [ALETA DE SPOILER]; após ser capturado pelas autoridades da linha do tempo sagrada, ele se depara com constantes questões acerca da sua existência, já que está ameaçado de morte, o que o leva a um exercício de tentar entender o seu propósito. Esse é o exercício que deveríamos fazer diariamente. Para quê estou vivo?

Ao olhar para o personagem principal, vemos um ser que representa todas as imagens que menos temos apreço no senso comum. Loki representa a mentira, a trapaça, a enganação e a fuga. Embora seja um personagem com péssima representatividade, ele se forma de uma maneira bem real, se assemelhando muito a nós, em um choque de vislumbre sobre a nossa atual situação pecaminosa. Em uma via mais didática, Loki parece muito com o homem em seu estado natural após a queda: filho de um deus, criatura caída, dono de seu próprio destino, sem expectativa de redenção e sem um propósito.

O texto de 2 Coríntios mostra algo semelhante, mas em uma via oposta, mostra a trajetória de um cristão que encontra sua finalidade e caminha em direção ao seu propósito glorioso. Loki, ao representar uma criatura caída, mostra a triste realidade do contraponto a 2 Coríntios, pois os homens vivem sem vislumbre da redenção, sem a perspectiva de algo porvir e sem perspectiva da sua própria existência.

Em meio a uma conversa com o personagem Mobius, Loki é indagado sobre como seria sua vida após conquistar tudo o que desejava. Loki fica sem resposta, pois o homem que tem seu propósito em si mesmo é como um cão que late para os carros quando passam na rua, mas não tem a mínima noção do que fazer quando os alcança. Já nos 3 primeiros versículos de 2 Coríntios 5, vemos que aquele que é alcançado pela Graça compreende bem seu destino final e tem o seu propósito bem definido. A nossa habitação final nos indica qual deve ser o nosso propósito verdadeiro. Paulo fala que mesmo que a sua habitação terrestre sucumba, seu lar verdadeiro não é aqui, compreendendo a brevidade da vida, a imperfeição humana e a natureza Daquele que permanece.

Contando um pouco sobre a história da série, em uma das cenas finais, nos é apresentado mais personagens variantes de Loki; e o que mais chama a atenção é o Loki mais velho e experiente, que enganou a morte para sobreviver e viver sozinho. Ele engana a morte, mas não engana a solidão, pois o seu propósito não havia sentido sem algo maior para lutar, sem um lugar para chamar de seu. Em uma analogia, somos Lokis quando tentamos fugir de nosso propósito, preferindo nos amedrontarmos e nos escondermos dentro de um buraco no chão ao invés de irmos em direção ao glorioso propósito, porque é mais cômodo permanecer como está, é mais cômodo nos servir. Uma das falas de Loki é “É assim que eu sou”, mostrando a entrega dos seus próprios impulsos.

Mas, a série apresenta também uma cena de redenção. Loki e os homens não estão perdidos definitivamente. Em uma cena no final do quinto episódio, esse Loki mais velho se depara com as obras de suas mãos e decide aceitar o seu propósito, que nada mais era do que tornar as outras pessoas mais fortes, tornar possível o crescimento dos seus semelhantes e doar sua vida para uma causa que realmente importava: o serviço ao próximo. O seu propósito não se torna mais um fardo pesado, pois ele se alegra em realizar e cumprir seu propósito final. E o interessante é que o Loki que tanto reclamava dos atributos de Asgard (cidade de sua família adotiva), no fim das contas, decide enfrentar seu destino no seu lar, no seu reino. Todos nós temos dentro de nossa própria natureza algo que nos indica o nosso lar verdadeiro. Podemos estar dentro do abismo mais profundo, mas se o Rei nos chamar, certamente iremos rumo ao lar.

O nosso verdadeiro propósito é Glorificar a Deus através de nossas vidas e quando chegar o fim dos tempos, se deleitar na beleza de sua Glória para sempre. Deus nos criou para o adorarmos em uma adoração eterna, mas enquanto isso não chega, Ele nos entregou seu Espírito como garantia da nossa esperança. Loki esperava somente nos tesouros e títulos desse mundo. E quantas vezes nós somos o Loki... deuses de nossas próprias mentiras e enganações, de nossos próprios pecados. Mas a Graça nos capacita a sermos pessoas diferentes, variantes da Graça e da Misericórdia de Deus. Antes nos achávamos em completo caos na busca por um glorioso propósito que nos exaltasse, mas agora obtivemos o vislumbre do propósito que vale a pena ser seguido e vivido.

Paulo, em sua carta, escreve palavras de encorajamento aos irmãos na busca para cumprir o seu propósito de adorar a Deus e edificar os seus irmãos. Às vezes nos importamos demais com o fruto imediato daquilo que fazemos. Evangelizamos, pregamos, oramos, cantamos, servimos, mas nada parece gerar um fruto visível. Nosso sentimento mais comum é se entristecer e baixar a cabeça, mas não somos movidos por vista. Assim como a própria Vinda do Senhor, devemos ter a esperança de que no tempo oportuno Deus vai trazer o resultado desejado para o seu reino. Na série, o Loki mais velho tem um ato de serviço que nem mesmo conseguiu vislumbrar o resultado, mas fez do mesmo modo. Em nossas pequenas ou grandes ações, o que deve estar em pauta é glorificar a Deus, mesmo que não consigamos ver os frutos aparentes. Nenhuma árvore ao nascer dá logo o seu primeiro fruto, então sejamos pacientes na obra do Senhor e sejamos honestos e destinemos a Ele toda a Glória e louvor, pois se por Ele fomos criados, para Ele viveremos. A Ele seja a Glória para sempre. Amém!

Por: Ricardo Davi